Desde os primórdios, os desertos sempre foram ocupados e percorridos pelo ser humano, apesar das fortes restrições naturais e climáticas que prevalecem ali.
O Saara é uma das primeiras regiões de povoamento do mundo.
Foi o berço de uma civilização de nômades e agricultores que se estabeleceram ou encontraram refúgio ali, uma civilização que está desaparecendo com o aquecimento global e seu resultado, a desertificação.
O arquétipo do deserto é o erg, coberto de areia a perder de vista, com dunas majestosas e móveis, desprovido de vegetação, constantemente exposto a um sol escaldante, com uma luminosidade deslumbrante e varrido por ventos violentos.
No deserto, não existe a lei da terra, mas sim a lei da água, que dita as práticas sociais e rituais. A riqueza é representada pela água. Graças a ela, o ser humano conseguiu criar ilhas de vegetação, oásis e palmeirais que simbolizam sua riqueza, e não muito distante, as aldeias tradicionais, os ksars. A vida se estabeleceu nesses núcleos humanos distantes de nossas civilizações globalizadas.
Os desertos ainda são habitados por povos livres e modestos, que enfrentam cada vez mais dificuldades para preservar sua identidade cultural ali.
O deserto é, sem dúvida, a melhor maneira de se perder no espaço e no tempo, para redescobrir as virtudes do silêncio e da contemplação. Indefiníveis por natureza e frequentemente referidos no singular, quando existem tantas variações: dunas, rochas, gelo, sal... desertos frios, desertos quentes. O deserto é um lugar onde você precisa perder tempo, um lugar que precisa ser conquistado. Não podemos estar em busca de desempenho ou virtuosismo.
Esta série retrata a relação estreita e respeitosa entre o Homem e a Natureza, num ambiente inerentemente tão hostil à mais ínfima forma de vida.